Improvisação e imediatismo

Autor(es): Rogério Furquim Werneck
O Globo - 28/09/2012




Acondução da política econômica vem sendo marcada por duas dificuldades: improvisação e prevalência do imediatismo sobre preocupações mais permanentes, de prazo mais longo. São tantos os exemplos que não há como dar conta de todos neste artigo. Mas basta mencionar alguns deles para que a extensão dessas dificuldades possa ser percebida.
1. Desde meados do ano passado, o governo vem fazendo grande alarde com a desoneração da folha de pagamentos da indústria. O que começou como um projeto piloto, que favorecia quatro setores, assumiu agora proporções bem maiores.
Desonerar a folha é, em princípio, uma boa ideia. Mas, em vez de simplesmente reduzir a contribuição patronal, o governo partiu para desastrada mudança de base fiscal. Contribuição sobre faturamento e não mais sobre a folha, com alguma desoneração embutida na troca.
O problema é que a mudança reintroduz, pela porta dos fundos, a famigerada tributação cumulativa sobre faturamento, uma deformidade fiscal desnecessária da qual o país havia praticamente se livrado, graças ao louvável esforço de reforma tributária do primeiro governo do presidente Lula.
2. Desonerar a energia elétrica também era uma boa ideia. Mas, para que houvesse redução significativa da brutal carga tributária que recai sobre as tarifas, era essencial que os governadores fossem engajados no esforço de desoneração, já que boa parte da carga advém das escorchantes alíquotas de ICMS impostas pelos Estados. Não seria fácil, mas a União teria muito o que oferecer numa negociação séria com os Estados sobre a questão. Em vez de tentar avançar nessa linha, o que fez o governo? Preferiu uma redução arbitrária de preços pagos ao produtor de energia, que desincentiva investimentos na expansão da oferta e deixa a conta da desoneração nas costas do contribuinte.
3. Desde pelo menos 2008, o governo parece empenhado num esforço metódico de demolição da construção institucional que redundou na Lei de Responsabilidade Fiscal.
Especialmente lamentável nessa demolição foi a violação da regra de estrita separação entre contas do Tesouro e das instituições financeiras federais. Nos últimos anos, montou-se no BNDES um gigantesco orçamento fiscal paralelo, alimentado por fartas transferências diretas do Tesouro, não contabilizadas nem no Orçamento e nem nas estatísticas de dívida líquida e de resultado primário. Com o avanço da demolição institucional, tal esquema foi agora estendido à CEF e ao Banco do Brasil, que passaram a ser também nutridos, nas mesmas bases, com generosas transferências do Tesouro.
4. Políticas improvisadas costumam ser marcadas por pouca reflexão prévia e percepção incompleta dos prováveis desdobramentos de medidas supostamente bem intencionadas. É o que se observa com especial nitidez nas impensadas restrições que o governo decidiu impor à exploração do pré-sal. De um lado, exige-se que a Petrobras tenha monopólio da operação dos campos do pré-sal e participação de pelo menos 30% em cada consórcio que venha a explorar tais campos. De outro, que os equipamentos utilizados no pré-sal tenham nada menos que 65% de conteúdo nacional. Está a cada dia mais claro que tais restrições vêm impondo enorme ônus à Petrobras, sobrecarregando em demasia suas necessidades de investimento e trazendo atrasos inaceitáveis à exploração do pré-sal. A questão agora é como livrar a Petrobras e o pré-sal dessa estapafúrdia camisa de força, sem que o recuo imponha custo político excessivo ao governo.
5. Na condução da política comercial, o governo achou que o Brasil poderia, impunemente, esquecer sua estatura e passar a se comportar como uma Argentina. Agora, queixa-se da perda do respeito internacional que, a duras penas, o país havia conseguido angariar nessa área, ao mostrar, durante anos, que estava seriamente engajado num jogo cooperativo de combate ao cerceamento do comércio mundial. Bastaram poucos meses para que tal reputação fosse destruída. Agora é tarde. E não adianta esbravejar.

Fim da guerra fiscal custará até R$ 14 bi por ano

Autor(es): RAQUEL LANDIM
O Estado de S. Paulo - 28/09/2012


Governo planeja compensar os Estados para acabar com os subsídios e mudar o sistema de cobrança do ICMS em oito anos


O Ministério da Fazenda já avançou na elaboração da reforma do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para acabar com a guerra fiscal. A proposta em discussão hoje com os Estados prevê a transferência da cobrança do imposto da origem da operação para o destino, com redução da alíquota interestadual para 4% em um prazo máximo de oito anos.
O governo federal também concorda em ressarcir os Estados que vão perder receita em, no máximo, R$ 14 bilhões anuais. Esse montante, no entanto, pode ser reduzido significativamente se for descontado o ganho de arrecadação resultante do fim dos benefícios ilegais concedidos na guerra fiscal.
"Em uma estimativa conservadora, pode cair 50% ", informou o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa. Ele explicou que não faz sentido compensar os Estados por uma receita que efetivamente não arrecadam por conta dos programas de incentivo fiscal. "Será uma compensação parcial e temporária", frisou.
A proposta da Fazenda está no meio do caminho do que é defendido pelos diferentes grupos de governadores. Hoje as alíquotas interestaduais de ICMS estão em 12% e 7%. A proposta de São Paulo, apoiada por alguns Estados, é uma alíquota única de 4% em um prazo de quatro anos.
Os Estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste preferem a manutenção do sistema de tarifas diferenciadas e defendem uma redução para 7% e 4%, em um período de oito anos. "Caso a reforma ocorra, é necessário um prazo longo de adaptação, a manutenção da assimetria entre as alíquotas, e um fundo de compensação", disse Maurício Cesar Duque, secretário da Fazenda do Espírito Santo.
Para o Ministério da Fazenda, oito anos é o prazo "máximo" e a reforma poderia ser feita mais rapidamente. "É necessário um tempo para os Estados se adaptarem e para custear a reforma. Mas, se houver recursos, pode ser feito mais rapidamente", disse Barbosa.
Polêmica. O fundo de compensação promete ser um dos temas mais polêmicos. A Fazenda utilizou como base de cálculo as notas fiscais eletrônicas. Por esses dados, apenas alguns Estados perdem receita com a reforma, como Amazonas, Espírito Santo, Goiás ou Santa Catarina. Para esses Estados, a perda total seria de cerca de R$ 14 bilhões.
É preciso ressaltar, no entanto, que as notas fiscais eletrônicas contabilizam o imposto "cheio", ou seja, não descontam os incentivos concedidos às empresas. "Só vamos ter o valor efetivo da compensação necessária quando os Estados informarem seus números", diz Barbosa.
Com base nas notas fiscais eletrônicas, São Paulo ganha cerca de R$ 1 bilhão de receita com a transição do ICMS para o destino e a redução da alíquota para 4%. O governo estadual contesta esse número, porque o Estado é um exportador líquido e, portanto, perderia com a reforma. "O fundo de compensação tem de ser objetivo e prático, para que os Estados acreditem que efetivamente serão ressarcidos", diz o secretário da Fazenda de São Paulo, Andrea Calabi. "É preferível uma medida objetiva do que hipóteses sobre quanto um Estado pode ganhar com o fim dos benefícios fiscais."
Fim do ano. A expectativa da Fazenda é enviar a reforma do ICMS ao Congresso até o fim do ano. Barbosa admite, no entanto, que se trata de uma "decisão política". Para o consultor e mestre em finanças públicas pela Fundação Getúlio Vargas, Amir Khair, o País atravessa sua "melhor chance" de conseguir uma reforma tributária. No governo Lula, foram elaboradas duas propostas, em 2003 e em 2008, mas pouco sobrou delas.
Khair avalia que agora é diferente porque o governo se dispôs a ressarcir os Estados e por conta da existência da nota fiscal eletrônica, que permite calcular as perdas de forma objetiva e só totalmente implantada no início do ano passado.
Ele, no entanto, não está otimista que a reforma do ICMS será o fim da guerra fiscal. "Durante o prazo de adaptação, os Estados poderão usar sua criatividade para criar novos incentivos", disse. Para o especialista, a única solução é o Supremo Tribunal Federal (STF) editar uma "súmula vinculante" que condena a priori qualquer benefício ilegal e evita discussões jurídicas.


Pré-Confaz decide manter prazo para ICMS unificado

Autor(es): Por Marta Watanabe | De São Paulo
Valor Econômico - 28/09/2012



Os secretários de Fazenda dos Estados decidiram ontem não adiar a aplicação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) interestadual unificado de 4% para importados e traçar uma agenda para possibilitar a regulamentação da nova tributação em tempo hábil para dar segurança aos contribuintes. A informação é do coordenador dos Estados no Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), Cláudio Trinchão.
A decisão foi tomada ontem em Campo Grande (MS), em reunião do pré-Confaz, que acontece na véspera da reunião ordinária do Confaz. O ICMS único de 4% foi estabelecido pela Resolução do Senado nº 13 com o objetivo de acabar com a guerra fiscal dos portos e deve entrar em vigor em primeiro de janeiro de 2013.
O coordenador dos Estados no Confaz, Cláudio Trinchão, chegou a propor o adiamento da aplicação do ICMS unificado em razão da falta de convergência entre os técnicos das Fazendas estaduais para a definição de uma regulamentação para a tributação. A maioria dos Estados, porém, decidiu acelerar a agenda para estabelecer uma proposta conjunta de regulamentação.
Segundo Clóvis Cabrera, coordenador de administração tributária da Fazenda de São Paulo, a deliberação por tentar fazer a regulamentação o mais rápido possível foi consensual. Técnicos das secretarias de Fazenda devem se reunir na próxima semana em Brasília para tentar avançar nas propostas.
"São Paulo levou uma proposta de regulamentação para o pré-Confaz e Minas Gerais também. Há um consenso entre os Estados em trabalhar para elaborar uma proposta comum de regulamentação", diz Cabrera. O ponto em questão é a definição de cálculo do conteúdo de importação nas vendas interestaduais. "A solução não deve ser nada complexa, deve acontecer relativamente rápido para que os contribuintes consigam se programar." Segundo o coordenador de São Paulo, a regulamentação será definida em tempo suficiente para as empresas calcularem o impacto da mudança no ICMS sobre os seus negócios.
A proposta de São Paulo é que haja uma declaração do remetente da mercadoria sobre a participação do conteúdo de importação, com o recolhimento da alíquota devida de ICMS. Essa declaração, sugere Cabrera, deve ser remetida e ficar disponível para o Fisco de origem e o de destino, para que os dois Estados possam verificar as informações dadas. Além disso, o destinatário da mercadoria também tem acesso ao percentual de participação declarado, sem que saiba de detalhes dos custos do remetente. "Essa é a proposta de São Paulo. É preciso, porém, uma discussão para se chegar a uma definição conjunta."
Segundo Trinchão, há uma preocupação forte dos Estados em relação a declarações falsas que tenham por objetivo aproveitar a alíquota mais baixa de 4% do ICMS unificado para importados. "Há preocupação de simulação de transferência a outros Estados", diz Trinchão. Isso porque a alíquota do imposto para as operações interestaduais com as demais mercadorias é de 7% ou 12%, conforme o Estado de destino. "Essa é uma preocupação real, mas é preciso resolver isso com a fiscalização dos Estados", diz Cabrera.

Exportação da commodity cai 15,5% no mês de agosto

Valor Econômico - 28/09/2012



As exportações brasileiras de celulose recuaram 15,5% em agosto, na comparação com o mesmo mês de 2011, para 663 mil toneladas, de acordo com dados divulgados ontem pela Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa). Na comparação com o volume embarcado em julho, a queda foi de 4,5%.
Com esse desempenho, no acumulado dos primeiros oito meses do ano, as vendas externas da matéria-prima totalizaram 5,551 milhões de toneladas, praticamente estáveis frente ao volume embarcado em igual intervalo de 2011. Em receitas, há queda de 8,4% na mesma base de comparação, para US$ 4,41 bilhões.
Já as vendas internas de celulose cresceram 7,9% em agosto, na comparação anual, para 137 mil toneladas. Em oito meses, a alta é de 6,8%, para 1,082 milhão de toneladas. Em agosto, a produção nacional ficou em 1,158 milhão de toneladas, 6% abaixo do registrado um ano antes.
Conforme a Bracelpa, as fabricantes brasileiras de papel venderam 486 mil toneladas do produto no mercado doméstico em agosto, com alta de 7,3% na comparação anual. Frente ao volume comercializado internamente em julho (466 mil toneladas), o crescimento foi de 4,3%.
Conforme a entidade, no acumulado dos oito meses, as vendas domésticas de papel somaram 3,543 milhões de toneladas, com avanço de 3,4%.
Já nas importações de papel, que vinham registrando queda até junho, houve nova alta. Em agosto, o volume de papel importado pelo país alcançou 130 mil toneladas, com expansão de 6,6% na comparação anual. De janeiro a agosto, as importações do produto somam 950 mil, queda de 5,8%.

'O Brasil tornou-se protecionista'

Autor(es): JAMIL CHADE
O Estado de S. Paulo - 28/09/2012



Dez anos do início da "guerra do algodão", Camargo Neto questiona condução da política comercial brasileira
Depois de dez anos, a "guerra do algodão" entre Brasil e Estados Unidos ainda não terminou e promete ganhar novos capítulos nos próximos anos. Quem faz o alerta é o artífice do projeto que levou os americanos aos tribunais da Organização Mundial do Comércio (OMC) em 2002, Pedro de Camargo Neto. Em entrevista ao Estado, o atual presidente Abipecs, na época secretário de Produção do Ministério da Agricultura, alerta para as manobras dos EUA, porém, não deixa de criticar a atitude protecionista do Brasil. A seguir, trechos da entrevista.
Há dez anos o sr. lançava uma disputa que muitos dentro do governo acreditavam que não deveria ocorrer, a guerra do algodão. Qual o resultado disso hoje?
O resultado foi superior ao que esperávamos. O contencioso do algodão teve primeiramente importante efeito educativo sobre como os subsídios de apoio interno distorcem os mercados com reflexos na Rodada Doha. Até hoje, é o avanço na questão do algodão, além de continuar vivo com resultados que ainda serão colhidos.
Mas há a impressão de que ganhamos, mas não levamos.
Levamos muito mais do que a compensação milionária que os produtores vem recebendo. O Brasil conquistou espaço político no multilateralismo. Conquistou liderança como resultado da ousadia e competência dos contenciosos. É preciso persistência.
Como o sr. avalia a atuação do governo?
Os contenciosos foram juridicamente bem administrados. O do algodão, que não terminou, continua sendo muito bem administrado. Faltou ao governo a decisão de usar o contencioso como instrumento de comunicação em Washington, como alavanca de pressão política. Em 2005, quando saiu a decisão de primeira instância, o Brasil tinha enorme apoio dentro dos EUA. Precisávamos ter cultivado esse apoio para influir na reforma da lei agrícola no Congresso. Precisava ter permanentemente lembrado em Washington que os EUA não seguem o que foi acertado na OMC. Precisou da recente carta deselegante do Ron Kirk para o Brasil lembrar que eles continuam subsidiando de maneira irregular a agricultura.
Existe alguma esperança para a Rodada Doha?
Com a crise financeira, falta disposição, tempo e prioridade para concluir. Na parte agrícola, a alta de preços tira a pressão. Hoje quase que se pode dizer que falta produção agrícola. Era preciso porém virar essa página. Acabar com o subsídio à exportação. Equacionar o algodão. Avançar nas regras do comércio agrícola tornando mais próximo das regras para a indústria de manufatura.
E caminhamos para isso?
Senti nesses dias o ambiente nebuloso. Falta liderança na rodada. Pascal Lamy parece ter desistido. Os EUA pensam na eleição, os europeus na crise financeira e China e Rússia são novatos para liderar. A negociação agrícola começou a ser estruturada em 1998 e continua basicamente da igual.
E como o sr. vê a posição do Brasil no comércio mundial?
A Rodada Doha tem a agricultura no coração e o Brasil como líder agrícola precisa estar liderando a rodada. Não é o que acontece. Brasília tornou-se protecionista. Não somos proativos em comércio. Não negociamos acordos bilaterais. Estamos parados e quem está parado na verdade anda para trás. A paralisia atual é inaceitável.

Vimos um impacto maior da crise global e efeito mais lento das medidas de Dilma

Folha de S. Paulo - 28/09/2012
Economista cuja previsão foi chamada de piada diz o que o governo demorou para perceber e afirma continuar otimista


De Londres, onde está a trabalho, o economista-chefe do Credit Suisse, Nilson Teixeira, cuja previsão foi chamada de "piada" em junho pelo ministro Guido Mantega (Fazenda), deu entrevista à Folha por e-mail:

Folha - o que o sr. viu há alguns meses, para chegar à sua previsão, que o governo demorou para perceber?

Nilson Teixeira - Desde o terceiro trimestre de 2011, projetávamos um baixo crescimento por alguns trimestres, em parte, pelo impacto do cenário global adverso, em particular sobre os investimentos. Ao mesmo tempo, esperávamos que o desempenho da indústria continuaria desfavorável, em razão da forte concorrência dos importados, da desaceleração das vendas de caminhões e da menores exportações para a Argentina.

A principal diferença foi, portanto, a nossa expectativa de que a retração na indústria e nos investimentos seria mais prolongada, estendendo-se até meados deste ano.

Esperávamos que a redução dos juros e a redução de impostos tivessem efeitos reduzidos no curto prazo.

Em agosto, o sr. expressou em entrevista uma perspectiva otimista em relação à retomada. O país, no entanto, parece estar demorando mais que o previsto para se recuperar. O que emperra a retomada? Isso o fez rever suas expectativas?

Continuo com uma avaliação otimista. Não me parece que a retomada esteja demorando muito mais do que prevíamos. A expansão neste terceiro trimestre tende a ser bem maior do que nos últimos quatro trimestres, podendo superar 1% frente o segundo trimestre, em linha com a nossa projeção de crescimento de 1,5% em 2012.

Nossos modelos sugerem que os efeitos defasados do afrouxamento monetário e das demais medidas do governo contribuirão para uma expansão dos investimentos nos próximos trimestres.

A incerteza hoje é sobre quão persistente é e qual a magnitude da recuperação, pois os indicadores recentes sugerem a retomada na indústria ainda muito concentrada no setor de veículos.

O desempenho da economia em setembro e outubro trará uma informação valiosa sobre a recuperação.

Pelas informações disponíveis, o sr. trabalha com que previsão de crescimento para o ano que vem? Por quê?

Prevemos crescimento do PIB de 4% em 2013.

A certeza sobre essa projeção é baixa. Poderemos ver alta de 2%, caso a crise global piore, ou mais de 5%.

Esse largo intervalo demonstra o quão incerta é a perspectiva para a economia global. Nos EUA, a incerteza é sobre a complexa situação fiscal. Na Europa, envolve questões sociais e fiscais bem amplas. Na China, é difícil ter certeza sobre o ritmo da economia com mudança de governo e dificuldade de alterar o padrão de crescimento para um modelo menos dependente de investimentos.

Além disso, uma safra agrícola muito maior pode contribuir para maior aceleração da atividade em 2013.

Projeções para o PIB no país ainda estão sujeitas a muitos e variados riscos.

Brasil está menos sujeito à economia chinesa, diz FMI

Folha de S. Paulo - 28/09/2012
Instituição alerta emergentes de que não estão imunes à crise nos desenvolvidos

Entre os exportadores de commodities para a China, o Brasil é um dos que estão menos suscetíveis à desaceleração dos investimentos do país, de acordo com o Fundo Monetário Internacional.

A instituição divulgou ontem capítulos do novo "World Economic Outlook" (panorama Econômico Mundial).

Para o FMI, a economia brasileira deve sofrer um impacto menor com as mudanças no perfil de importações da China.

"Exportadores maiores, com economia mais diversificada, como Brasil e Indonésia, experimentarão declínios menores no crescimento", diz o relatório.

Segundo o FMI, para cada ponto percentual de decréscimo do investimento chinês, a economia brasileira desacelera pouco menos de 0,1.

A instituição alertou os emergentes de que eles não estão imunes à crise nos países desenvolvidos. Fatores como o aumento da oferta de crédito e os altos preços das commodities, que colaboraram para a estabilidade nas nações em desenvolvimento, estariam sujeitos a uma alteração brusca.

Cameron sobre o Brasil: 'Se não pode vencê-los, junte-se a eles'

Autor(es): Agência Petrobras
O Globo - 28/09/2012


Premier britânico visita Fiesp, Petrobras e BNDES

Visita. Graça Foster recebeu o premier David Cameron na sede da Petrobras

SÃO PAULO e rio No primeiro dia de sua visita oficial ao Brasil, o primeiro-ministro britânico, DavidCameron, afirmou ontem que o crescimento da economia brasileira transformou o país em um parceiro preferencial para o Reino Unido. Em discurso na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), ele lembrou que no ano passado o Brasil ultrapassou o Reino Unido e se tornou a sexta maior economia do mundo. Depois, no Rio, reuniu-se com a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, que apresentou o Plano de Negócios da empresa, que tem investimentos previstos de US$ 236,5 bilhões.
Acompanhado de uma comitiva de 50 empresários, o premier também visitou a sede do BNDES, antes de jantar com o governador Sergio Cabral. Hoje, Cameron se encontra com a presidente Dilma Rousseff, em Brasília.
- Nós, britânicos, temos um ditado: se não pode vencê-los, junte-se a eles - disse Cameron, na Fiesp.
Ele mencionou os setores de energia, defesa, infraestrutura, educação e farmacêutica, como os preferidos pelos britânicos para um intercâmbio.
- O Brasil vai ter de investir em geração de energia e o Reino Unido quer participar disso - afirmou o premier. - Na área de defesa, podemos participar do processo de modernização das forças armadas brasileiras, como dois países podem e devem fazer.
Ainda falando sobre o atual momento da economia brasileiro aos empresários na Fiesp, ele recorreu a uma metáfora do futebol:
- O futebol foi inventado no Reino Unido, mas aperfeiçoado no Brasil - afirmou ele, sem fazer comentário sobre as barreiras comerciais que o Brasil tem anunciado nos últimos dias, a pretexto de defender a indústria local da invasão de produtos importados, barreiras que desagradam ao governo britânico.
No encontro com Graça Foster, Cameron destacou a enorme capacidade da indústria brasileira de petróleo e gás e a oportunidade para que as empresas britânicas trabalhem em conjunto com a Petrobras.
A presidente da Petrobras destacou a abertura da Petrobras à indústria do Reino Unido. "Nós temos um enorme potencial na área de petróleo e gás, um enorme desafio e estamos abertos à indústria britânica de produtos e serviços", afirmou Graça em nota.
a maior comitiva britânica
Cameron desembarcou em São Paulo, após participar da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York. Seu primeiro compromisso foi uma visita à fábrica britânica JCB, de equipamentos pesados, em Sorocaba (SP).
Além da comitiva de 50 empresários de vários setores, acompanharam ainda o premier britânico o ministro para Assuntos Estrangeiros do Reino Unido, Hugo Swire, o ministro para Comércio e Investimentos, Lord Green. O embaixador do Reino Unido no Brasil, Allan Charlton, também participou da reunião na Fiesp.
- É a maior comitiva de negócios (britânica) que já veio ao Brasil - disse Cameron.
O Brasil exporta cerca de US$ 5 bilhões para o Reino Unido, que importa outros US$ 3 bilhões. Muito pouco para uma corrente conjunta de comércio de US$ 1,6 trilhão. Além disso, em 2011 o Brasil investiu quase US$ 1 bilhão no Reino Unido, enquanto os britânicos aportaram aqui US$ 3 bilhões. A gigante britânica do setor de defesa General Dynamics UK, aproveitou a visita deCameron para anunciar a abertura de uma subsidiária no Rio.
- Expliquei ao primeiro ministro que nós não queremos nenhum tipo de protecionismo. O que queremos aqui é a competitividade - afirmou o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, ao comentar a reunião com o premier britânico.

PORTARIA SECEX Nº 34, DE 26 DE SETEMBRO DE 2012


DOU 27/09/2012


Estabelece critérios para alocação de cotas para importação estabelecidas pela Resolução CAMEX nº 63, de 3 de setembro de 2012

A SECRETÁRIA DE COMÉRCIO EXTERIOR DO MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR, no uso das atribuições que lhe foram conferidas pelos incisos I e XIX do art. 15 do Anexo I ao Decreto nº 7.096, de 4 de fevereiro de 2010, tendo em consideração a Resolução CAMEX nº 63, de 3 de setembro de 2012, resolve:

Art. 1º Fica incluído o inciso XXXIV ao art. 1º do Anexo III à Portaria SECEX nº 23, de 14 de julho de 2011, com a seguinte redação:

"XXXIV- Resolução CAMEX nº 63, de 3 de setembro de 2012, publicada no D.O.U. de 4 de
setembro de 2012:

CÓDIGO NCM

DESCRIÇÃO

ALÍQUOTA DO II
QUANTIDADE
VIGÊNCIA
2823.00.10
Tipo anatase
2%
6.000 toneladas
04/09/2012 a 03/09/2013


a) o exame das LI será realizado por ordem de registro no SISCOMEX.

b) será concedida inicialmente a cada empresa cota máxima de 200 toneladas do produto, podendo cada importador obter mais de uma LI, desde que o somatório das quantidades das licenças seja inferior ou igual ao limite inicial estabelecido.

c) após atingida a quantidade máxima inicial estabelecida, novas concessões para a mesma empresa estarão condicionadas à comprovação do efetivo despacho para consumo das mercadorias objeto das concessões anteriores, mediante apresentação da cópia do CI e da DI correspondentes e a quantidade liberada será, no máximo, igual à parcela já desembaraçada.

d) caso seja constatado esgotamento da cota, o DECEX não emitirá novas LI para essa cota, ainda que já registrado pedido de licença no SISCOMEX."

Art. 2º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

TATIANA LACERDA PRAZERES

Mais 100 produtos terão imposto de importação elevado

Publicado em 27.09.2012, às 12h46

O governo brasileiro deve anunciar nos próximos dias uma lista com mais 100 produtos que terão aumento no imposto de importação segundo Emílio Garófalo, secretário-executivo da Câmara de Comércio Exterior (Camex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

No início do mês, o Conselho de Ministros da Camex decidiu aumentar o imposto de importação para 100 produtos, estabelecendo uma alíquota máxima de até 25%. Garófalo defendeu que as medidas estão dentro das regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) e do Mercosul.

"A lista de 100 produtos anunciada antes estava em comum acordo com o Mercosul e absolutamente dentro dos padrões da OMC. Na ultima cúpula do Mercosul, esse número permitido foi elevado para 200. Vamos anunciar em breve os outros 100 (produtos com aumento de imposto de importação). Aguardem os próximos dias", disse o secretário executivo da Camex, durante o Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex), realizado no Rio de Janeiro.

Garófalo informou que haverá uma consulta ao setor produtivo sobre os produtos que deveriam entrar na lista para aumento da alíquota de importação. Na última consulta, 250 produtos foram selecionados. "Um grupo de trabalho analisou com afinco por seis meses e eliminou aproximadamente 140 desses 250. E depois desses 110, chegou-se a 100. Temos de perguntar de novo ao setor produtivo (quais produtos deveriam entrar na lista)", disse.

Fonte: Agência Estado

Bancários encerram greve e voltam hoje ao trabalho

Valor Econômico - 27/09/2012
Os bancários aprovaram ontem à noite o fim da greve e devem voltar ao trabalho hoje em todo o país. Os sindicatos da categoria seguiram a orientação da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf) de aprovar proposta dos sindicatos patronais.
A paralisação, iniciada no dia 18, chegou ao fim com uma nova proposta da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), que elevou para 7,5% o reajuste salarial da categoria (aumento real de 2%). Diante da proposta, a Contraf recomendou aos sindicatos regionais a aceitação das condições. Em Londrina (PR), o sindicato aprovou na manhã de ontem a proposta de reajuste da Fenaban e a volta ao trabalho, tanto nos bancos públicos como nos bancos privados.
Os bancários deflagraram a greve nacional no dia 18, depois de rejeitarem a proposta anterior dos bancos, de 6% de reajuste sobre todas as verbas salariais.
A greve ganhou força durante a semana passada. Enquanto a adesão foi de 5.132 agências e centros administrativos (24% das 21.713 localidades em todo o país) no primeiro dia de paralisação, esse número cresceu 77% e chegou 9.092 locais (42%) no quarto dia de greve, segundo o sindicato da categoria.
Depois de tentativas frustradas de negociação e acusações de que os bancos estariam sendo omissos, os representantes da categoria consideraram as propostas feitas na terça-feira satisfatórias e recomendaram o fim da paralisação.
Os bancários reivindicavam reajuste de 10,25% (5% de aumento real), além de piso salarial de R$ 2.416,38, participação de lucros de três salários mais R$ 4.961,25 fixos, elevação para R$ 622 dos valores do auxílio-refeição, entre outros pedidos.
Os bancos ofereciam apenas reajuste linear de 6% - 0,58% acima da inflação.

BNDES concentra linha para boas ideias

Autor(es): Por Chris Martinez | Para o Valor, de São Paulo
Valor Econômico - 27/09/2012

Maior agente de fomento do governo federal, o BNDES abraçou a causa da inovação: afinal, boas ideias, se viabilizadas, tornam as empresas mais competitivas. Para sustentar a bandeira que empunhou - num projeto vigorosamente defendido pelo presidente da instituição, Luciano Coutinho -, o banco acaba de reformular suas linhas de financiamento à inovação. Rifou as três linhas existentes até então (Capital Inovador, Inovação Tecnológica e Inovação Produção) e lançou a Apoio à Inovação.
Na prática, oferecer a liberação de crédito em apenas uma linha serve para concentrar o recebimento de propostas e estimular as empresas que se candidatam a traçar um plano mais abrangente na área de inovação. No formato anterior, que funcionou até junho, os recursos eram liberados para pedaços de projetos - ora apenas para pesquisa, ora apenas para um produto específico, por exemplo. Pode parecer mais complexo, já que as empresas necessitam apresentar ao banco uma proposta mais ampla e alinhada com suas estratégias comerciais. Mas o lado bom é que as taxas de juros caíram e foram fixadas em 4% ao ano. Antes, oscilavam entre 4% e 6,5% ao ano.
"Desde o começo do ano, o banco tem trabalhado num esforço amplo e ambicioso para dar suporte ao aumento da competitividade por meio de investimentos em inovação, inclusive tentando diminuir os juros e os prazos para pagamento", diz Helena Tenório Veiga de Almeida, chefe do departamento de inovação do BNDES. "Não basta olhar só o projeto, a inovação tem que estar inserida no conceito estratégico da empresa", reforça.
Na linha Apoio à Inovação, o aporte mínimo soma R$ 1 milhão e o prazo de pagamento vai até 12 anos. Cada projeto é submetido a uma avaliação separadamente, mas o BNDES pode bancar até 90% do valor. No menu, pode-se financiar de tudo um pouco: custos e despesas diretas de itens como aquisição de máquinas e equipamentos novos; importação de equipamentos novos sem similar nacional; despesas de internalização de máquinas e equipamentos importados sem similar nacional; compra de material e de softwares; despesas com mão de obra ou para treinamento; participação em feiras e eventos no país e no exterior, e até mesmo despesa com custos regulatórios etc.
"Num período de maior incerteza econômica, os primeiros setores afetados são justamente os de pesquisa e desenvolvimento em inovação. Não queremos que haja postergações de projetos", diz Helena. O presidente do banco, Luciano Coutinho, que é egresso da Secretaria de Ciência e Tecnologia, fez da inovação uma causa nobre. Para ele, inovação vai além do desenvolvimento de um produto inédito: linhas e processos produtivos mais criativos reduzem custos e fazem parte do que hoje se fala sobre inovação. Por isso, o banco tem um sortimento de programas voltados à inovação e não apenas a linha de crédito.
A meta do BNDES é desembolsar R$ 2,7 bilhões este ano em projetos de inovação. Nos primeiros sete meses, as liberações somaram R$ 830 milhões para um total de 422 operações - volume próximo ao obtido em todo o ano passado, de 453 operações. Em 2011, foram alocados R$ 1,653 bilhão e, em 2010, R$ 1,37 bilhão em 273 operações. Já a carteira de inovação do banco soma R$ 7,3 bilhões, entre operações contratadas, aprovadas, em análise, enquadradas e em consulta.
Os recursos liberados este ano foram para o cofre de algumas companhias conhecidas por inovar, criar algo diferente. Um dos destaques é a Natura, empresa que aposta em pesquisas, especialmente para descobrir matérias primas nacionais. Este ano, captou R$ 17,45 milhões para fazer estudos e desenvolver produtos para cabelo, corpo, incluindo sabonete. Outra empresa contemplada com financiamento do BNDES para área de inovação este ano foi a multinacional Dow do Brasil. Levantou R$ 21,2 milhões para modernizar seus laboratórios de desenvolvimento industrial.
Como a captação mínima da linha de crédito BNDES Apoio à Inovação soma R$ 1 milhão - valor considerado alto para pequenas e médias empresas -, o banco criou uma solução de valores inferiores. A solução veio com o Cartão Inova - uma linha de crédito rotativo e pré-aprovado, com limite de até R$ 1 milhão, liberados por banco emissor (Bradesco, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banrisul e Itaú). Oferece prestações fixas, prazo de pagamento de três a 48 meses e taxa de juros, em agosto, de 0,91 % ao mês.
Este cartão empresarial distingue-se por fazer todas as transações pela internet através do Portal de Operações do Cartão BNDES. Não possui tarja magnética ou chip, inviabilizando operações com saque em caixas eletrônicos. Até porque, destina-se à aquisição de itens necessários às atividades produtivas das pequenas e médias empresas, como compra de máquinas e equipamentos, computadores, softwares, móveis comerciais, veículos utilitários e motocicletas para serviços de entrega. Desde 2009, pode-se adquirir materiais para serviços de pesquisa, desenvolvimento e inovação (P,D&I).
Para 2012, a meta do banco é alcançar R$ 11 bilhões em mais de 800 mil transações. No ano passado, foram R$ 7,6 bilhões em 540 mil operações. Desde o seu lançamento, em 2003, foram emitidos mais de 530 mil Cartões BNDES, totalizando R$ 28,6 bilhões em limite de crédito pré-aprovado. Se a porta de financiamento não for o BNDES, empresas de diferentes portes podem buscar crédito na Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), braço do Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação que, além de programas, tem três linhas de financiamento reembolsáveis e não-reembolsáveis.
A proposta de apoio da entidade vai da pesquisa básica, pesquisa aplicada e o desenvolvimento tecnológico de produtos, serviços e processos inovadores. Apoia, também, a incubação de empresas de base tecnológica, a implantação de parques tecnológicos, a estruturação e consolidação dos processos de pesquisa, o desenvolvimento e a inovação em empresas já estabelecidas e o desenvolvimento de mercados de capital de risco. No ano passado, liberou R$ 1,8 bilhão, acima do registrado em 2010 (R$ 1,3 bilhão).

Fim da guerra dos portos não será adiado

Autor(es): Ribamar Oliveira
Valor Econômico - 27/09/2012

O governo é contra adiar a entrada em vigor da alíquota interestadual de 4% do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para os produtos importados, informa o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa. A alíquota de 4% foi fixada pela Resolução 13 do Senado, de abril deste ano, e entrará em vigor no dia 1º de janeiro de 2013.
O adiamento da vigência da medida foi defendido recentemente pelo coordenador dos Estados no Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), Claudio Trinchão, em entrevista à repórter Marta Watanabe, do Valor, com o argumento de que ainda não existe consenso entre os técnicos em torno da regulamentação da medida.
Para Nelson Barbosa, é possível fazer a regulamentação até o fim de dezembro. "O Confaz já regulamentou questões muito mais complexas do que essa", disse. "É importante preservar a medida, pois ela resultou de uma decisão política dos senadores, que querem criar empregos no Brasil. Não será por dificuldades técnicas que essa decisão não será cumprida", afirmou.
Atualmente, existem duas alíquotas interestaduais do ICMS, de 7% e 12%, aplicadas também aos produtos importados. A primeira é utilizada nas operações da região Sul e dos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais com o restante do país. Com alíquotas tão elevadas, alguns governos estaduais foram levados a conceder incentivos fiscais para que os produtos importados ingressem no país por meio de seus portos e, com isso, ampliar as atividades comerciais em seus territórios.
Com os incentivos concedidos, a alíquota efetiva paga é bem inferior aos 12% ou 7% e a empresa que compra o produto leva o crédito do ICMS como se tivesse pago a alíquota cheia. Essa prática foi denominada de "guerra dos portos". O governo federal, os industriais e os presidentes de centrais sindicais de trabalhadores protestaram contra essa prática, com o argumento principal de que ela prejudica a produção nacional e, com isso, incentiva a criação de empregos fora do Brasil.
O Senado aprovou, então, a Resolução 13, que fixou uma alíquota interestadual de 4% para os produtos com conteúdo importado superior a 40%. Com essa alíquota, acreditam os especialistas, os governos estaduais não terão margem para continuar com a "guerra dos portos". É interessante observar também que a medida é o primeiro passo para a adoção do princípio do destino na apropriação da arrecadação do ICMS, quando as alíquotas interestaduais de todos os produtos serão reduzidas e unificadas em 4%.
Depois da aprovação da Resolução 13, a questão passou a ser como verificar se um determinado produto tem mais de 40% de conteúdo importado. A resolução do Senado diz que o Confaz "poderá baixar normas" para fins de definição dos critérios e procedimentos a serem observados no processo de Certificação de Conteúdo de Importação (CCI).
Vale observar que a participação do Confaz é colocada na resolução como uma possibilidade e não como uma obrigação. Pode-se entender, portanto, que a resolução é autoaplicável pelos Estados e que a participação do Confaz é para definir um regulamento comum que evite maiores transtornos.
O secretário-executivo Nelson Barbosa não vê dificuldade em avaliar o conteúdo importado das mercadorias. Segundo ele, órgãos e instituições financeiras do governo federal verificam, rotineiramente, o componente de nacionalização de produtos antes de conceder alguns créditos ou quando analisam a procedência de mercadorias provenientes de países que fizeram acordos comerciais com o Brasil, como é o caso dos países do Mercosul e do México.
Já existe um grupo de trabalho no âmbito do Confaz discutindo essa regulamentação. O assunto será debatido pelos secretários estaduais de Fazenda, durante a reunião de hoje do chamado pré-Confaz, que será realizada em Campo Grande (MS). No dia seguinte, acontece a reunião do Confaz, propriamente dita. O Ministério da Fazenda quer apresentar, na próxima semana, sugestões para a regulamentação da Resolução 13, de acordo com Barbosa.
A metodologia discutida no Ministério da Fazenda prevê que, na nota fiscal que emitir, a empresa declare se o produto é nacional ou importado, ou seja, se possui conteúdo importado superior a 40%. Depois de um certo prazo (ainda a ser definido), a empresa terá que apresentar à Secretaria de Fazenda do Estado de origem da mercadoria um relatório com o valor do produto vendido e o valor do conteúdo importado.
Como possui notas fiscais da entrada dos bens importados, a Secretaria de Fazenda poderá comprovar a veracidade das informações fornecidas. A Secretaria de Fazenda do Estado de destino da mercadoria terá o direito, de acordo com a proposta de convênio a ser submetida ao Confaz, de solicitar as informações e os devidos comprovantes. Dessa forma, as portas para as fraudes seriam fechadas.
Outro ponto em discussão se refere à incidência da nova alíquota interestadual do ICMS durante toda a cadeia produtiva. O aço importado pagará uma alíquota interestadual de ICMS de 4%. No momento seguinte, ele será utilizado na produção de outro bem industrial. No entendimento do Ministério da Fazenda, o conteúdo importado dessa nova mercadoria terá que ser avaliado quando ela for comercializada para outro Estado. Se o conteúdo de importação continuar sendo superior a 40%, o bem pagará de novo 4% de ICMS.
O governo quer também, segundo Nelson Barbosa, ouvir as empresas sobre essa regulamentação e pretende fazer reuniões para isso nas próximas semanas. O secretário-executivo trabalha com a perspectiva de que o Confaz terá, até o fim de outubro, uma minuta de proposta. O entendimento do Ministério da Fazenda é o de que essa regulamentação não precisa ser aprovada por unanimidade pelos secretários estaduais que integram o Confaz. Isto porque a Lei Complementar 24 determina que apenas a concessão de benefícios dependerá sempre de decisão unânime dos Estados, o que não é o caso.
Ribamar Oliveira é repórter especial e escreve às quintas-feiras

Confaz discute ICMS sobre importados

Estados devem discutir adiamento do ICMS unificado de 4% para importação
Autor(es): Por Ribamar Oliveira e Marta Watanabe | De Brasília e São Paulo
Valor Econômico - 27/09/2012

O governo federal é contra adiar a entrada em vigor da alíquota interestadual de 4% de ICMS para os produtos importados, diz o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa. A alíquota foi fixada pela Resolução nº 13 do Senado, de abril, e entrará em vigor em janeiro. O adiamento da medida foi defendido pelo coordenador dos Estados no âmbito do Confaz, Claudio Trinchão, sob o argumento de que não há consenso entre os técnicos em torno da regulamentação da medida. Para Nelson Barbosa, é possível fazer a regulamentação até o fim de dezembro.
Hoje os secretários estaduais de Fazenda devem discutir o adiamento. Os Estados de São Paulo e Rio Grande do Sul são contra adiar a medida. Santa Catarina e Espírito Santo, a favor. 
Maurício Duque: não há disputa entre Estados que dão incentivos e os demais
Os secretários de Fazenda devem discutir hoje o adiamento da aplicação da alíquota unificada de 4% do Imposto para Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para operações interestaduais com importados. A Resolução 13 do Senado, aprovada em abril como forma de acabar com a guerra dos portos, estabeleceu que a alíquota deve entrar em vigor a partir de 1º de janeiro. São Paulo e Rio Grande do Sul são contra o adiamento. Santa Catarina e Espírito Santo, a favor.
O adiamento deve ser discutido hoje no pré-Confaz, encontro que reúne os secretários na véspera da reunião ordinária do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz). Segundo Cláudio Trinchão, coordenador dos Estados no conselho, a prorrogação será solicitada com base em relatório que mostra a falta de consenso entre os técnicos das diversas secretarias de Fazenda na regulamentação da alíquota unificada.
Para o coordenador, que é secretário de Fazenda do Maranhão, não há tempo suficiente para que os Estados cheguem a um consenso sobre questões técnicas. Entre os principais pontos de divergência, diz ele, está a definição dos critérios e valores que integrarão o cálculo do conteúdo de importação e a aplicação do ICMS único de 4%. "Não se sabe se o imposto irá incidir somente na primeira operação interestadual ou também nas subsequentes."
São Paulo e Rio Grande do Sul defendem que a regulamentação não precisa ser feita necessariamente pelo Confaz. Luciano Garcia Miguel, representante da Fazenda de São Paulo na Comissão Técnica Permanente do conselho, afirma que ainda não houve consenso, porque aconteceu apenas uma reunião do grupo técnico selecionado para resolver a questão. A discussão prosseguirá em outubro, diz, quando São Paulo deverá levar uma proposta com critérios e a fórmula de cálculo para verificar em quais casos o conteúdo de importação ultrapassa os 40% e deve ser aplicada a alíquota unificada.
Segundo Miguel, a regulamentação do assunto via Confaz é a mais adequada, mas não necessária. Se o conselho não conseguir definir o assunto, cada Estado poderá fazer a sua própria regulamentação e, dessa forma, não há motivo para a alíquota unificada não entrar em vigor.
O secretário de Fazenda do Estado do Rio Grande do Sul, Odir Tonollier, diz que o governo gaúcho também é contra qualquer adiamento. "Não podemos reabrir a discussão depois do avanço feito", diz. Segundo Tonollier, não é necessário consenso dos Estados no Confaz para a regulamentação da aplicação da alíquota única. Para ele, o governo federal pode solucionar isso. "Os problemas operacionais podem ser resolvidos já com a medida em vigor. Não é preciso aguardar nada para isso."
Segundo Tonollier, a guerra fiscal dos portos tem efeitos negativos não só para a arrecadação do governo gaúcho como também para a competitividade das indústrias do Rio Grande do Sul, em setores como de petroquímica, calçados e têxteis.
O secretário não quis, porém, mencionar valores sobre quanto o Estado pode ganhar em receitas com a alíquota unificada para importados ou qual o montante de crédito de ICMS autuado em razão de incentivos concedidos em outros Estados na importação. Entre as principais origens que resultam em autuações dessa natureza, Tonollier citou os Estados de Santa Catarina e Espírito Santo.
O secretário de Fazenda do Estado do Espírito Santo, Maurício Duque, acredita que as divergências precisam ser resolvidas para que a mudança do tributo entre em vigor. Duque diz que o relatório técnico realmente apresenta divergências, que criam um ambiente de insegurança para as empresas. "O contribuinte quer definições sobre como esse imposto será cobrado e os secretários de Fazenda dos Estados precisam ter ciência de que a falta de regulamentação pode causar insegurança."
De acordo com Duque, o relatório mostra que não há disputa entre Estados importadores que concedem incentivos e os demais. Segundo ele, em alguns pontos a posição de São Paulo converge com a do Espírito Santo, por exemplo, mas é contrária a de outros Estados. "É importante que se diga que não se está mais discutindo a alíquota de 4%. Isso está resolvido."
"Os argumentos do secretário Trinchão são muito sólidos", diz Nelson Serpa, secretário de Fazenda de Santa Catarina, que é a favor do adiamento. Ele reconhece, porém, que a resolução do Senado dá ao Confaz a possibilidade de regulamentar o assunto, mas não determina que isso seja feito pelo conselho, exclusivamente.
Por isso, na falta de convergência entre os Estados, Serpa considera possível regulamentação pelo governo federal. O melhor caminho seria o Confaz definir o assunto, mas a regulação do governo, considera, é melhor solução do que a decisão de normas individualmente, por Estado. "Isso iria contra o objetivo de uniformização da resolução."

Site da Camex entra no ar nesta quinta-feira


26/09/2012

Site da Camex entra no ar nesta quinta-feira
Brasília (26 de setembro) –  Para facilitar o acesso às decisões da Câmara de Comércio Exterior (Camex), e atender ao que determina a lei de acesso à informação (lei n°12.527/11), que estabelece diretrizes para divulgação espontânea de informações pelos órgãos da administração pública, entra no ar, nesta quinta-feira (27/09), o novo site da Camex, no endereço www.camex.gov.br.  “Será um canal direto de comunicação com os públicos de interesse, tendo em vista a amplitude dos temas tratados, que dizem respeito aos sete ministérios que compõem a Câmara de Comércio Exterior”, informa o secretário-executivo Emilio Garofalo Filho.
Integram a Camex o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que a preside, a Casa Civil da Presidência da República e os Ministérios das Relações Exteriores; da Fazenda; da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; do Planejamento, Orçamento e Gestão;  e do Desenvolvimento Agrário.
O novo site vai dar mais visibilidade às decisões tomadas pelo Conselho de Ministros e pelo Comitê Executivo de Gestão da Camex (Gecex). Assim, já na página inicial, há um mecanismo de busca para localizar rapidamente as Resoluções Camex em vigor, com as alterações consolidadas. Para ter acesso às decisões, basta informar o  número da Resolução,  o ano ou uma palavra-chave. Outra novidade será a publicação do cronograma de reuniões da Camex e do Gecex e também os assuntos que serão discutidos. A pauta será incluída no site no dia das reuniões.
O site também trará notícias e outras informações referentes à legislação e às áreas de atuação da Camex - defesa comercial; Tarifa Externa Comum; consolidação de normas; facilitação de comércio e logística; financiamento e garantia às exportações; e negociações internacionais. Além disso, ao clicar em “contato” os visitantes poderão enviar e-mails com dúvidas ou propostas sobre comércio exterior diretamente à Secretaria-Executiva da Camex.
Mais informações para a imprensa:
Assessoria de Comunicação Social do MDIC
(61) 2027-7117 e 2027-7198
Mara Schuster
mara.schuster@mdic.gov.br

Exportação de etanol ao Caribe definha

Autor(es): Por Fabiana Batista | De São Paulo
Valor Econômico - 26/09/2012



Por alguns anos, a melhor alternativa das usinas brasileiras para fugir das barreiras à importação de etanol impostas pelos Estados Unidos era exportar o biocombustível para o país via Caribe e América Central. Mas esse caminho perdeu grande parte do sentido com o fim da tarifa de importação americana, em janeiro deste ano. Beneficiados por acordos que os isentam de tarifas na venda ao mercado dos EUA, mercados caribenhos ou centro-americanos chegaram a ter uma capacidade conjunta de reprocessamento de 3,1 bilhões de litros de etanol hidratado, agora reduzida a pouco menos de 1 bilhão, de acordo com estimativas do mercado.
Durante o período de vigência da tarifa americana de importação, de 54 centavos de dólar por galão (3,785 litros), a viabilidade econômica da exportação e desidratação do etanol no Caribe e na América Central tinha como base a diferença de preços (spread) entre o hidratado e o anidro no Brasil, historicamente em torno de 12% a 15%. Isso porque o custo total de se levar esse etanol do Brasil até esses países fica entre 60 e 65 centavos de dólar por galão (frete, seguros e reprocessamento) - ou seja, praticamente o mesmo valor da tarifa.
Agora, com o fim da taxa americana, esse spread precisa ser bem superior a 12% para compensar a desidratação e o reembarque aos EUA a preços competitivos. Há dois meses, isso até aconteceu, dizem especialistas. A diferença de preço entre os dois tipos de etanol no Brasil chegou a 24% e alguns negócios voltaram a ser fechados. Segundo estimativas do mercado, um volume de 350 milhões de litros de hidratado deve ser embarcado aos países do Caribe e da América Central para desidratação e posterior exportação aos Estados Unidos nesta temporada 2012/13.
em média, os importadores pagaram este ano às usinas no Brasil US$ 30 por metro cúbico de etanol hidratado, acima da remuneração naquele momento no mercado doméstico brasileiro - o equivalente a R$ 0,06 por litro.
Mas o fato é que esse mercado agora passou a ser conhecido como "liga e desliga", uma vez que as janelas de oportunidades de negócio tendem a abrir e a fechar muito rapidamente. Por isso, apenas três das nove plantas de desidratação das duas regiões ainda estão operando, segundo estimativas do mercado. Tecnicamente, a desidratação significa retirar 5% de água do etanol hidratado, que tem um teor alcoólico de 95,1% nas especificações brasileiras.
A maior parte dos investimentos nessas unidades industriais foi feito por grupos locais, em parceria com governo. Em 2008, auge da operação de desidratação, havia três unidades na Jamaica, duas em El Salvador, duas em Trinidade e Tobago, uma na Costa Rica e outra na ilha de Saint Croix (mar do Caribe) - os países do Caribe são beneficiados pela Iniciativa da Bacia do Caribe (Caribbean Basin Initiative) e El Salvador, pelo Cafta (Acordo de Livre Comércio com a América Central). Ambos isentam essas regiões de tarifas de importação no mercado americano.
Algumas tradings de etanol do Brasil apenas arrendaram unidades locais para garantir a transformação de etanol hidratado em anidro e reexportar sem tarifa aos Estados Unidos. A exceção foi a extinta trading Cristalsev, que investiu numa planta de desidratação em El Salvador em parceria com a Compañía Azucarera Salvadoreña SA.
Ocorre que o mercado não acreditava que a tarifa de importação americana poderia não ser renovada, diz um especialista. "Algumas unidades foram inauguradas seis meses antes de expirar o imposto de importação dos Estados Unidos", recorda.
Assim como as exportações brasileiras de etanol, a operação de "desidratação" do hidratado brasileiro via Caribe e América Central para reembarque aos EUA sempre oscilou. Mas atingiu seu auge em 2008, quando do total de 5,1 bilhões de litros de etanol exportados pelo Brasil, 1,1 bilhão foram para esses países, conforme informações do Ministério da Agricultura, com base em dados da Secex/MDIC.