Mudança em alíquotas do ICMS divide Estados

Autor(es): Por Marta Watanabe | De São Paulo
Valor Econômico - 27/12/2012


Responsável por 20% da carga tributária e por uma arrecadação equivalente a 7% do PIB brasileiro, o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) voltou ao centro das discussões entre a União e os Estados.
Nas últimas semanas, a proposta de colocar fim à guerra fiscal de ICMS por meio da aplicação de uma alíquota única de 4%, aplicável a todas as operações interestaduais, ganhou força entre os secretários de Fazenda estaduais, amarrada a promessas de renegociação da dívida com a União e de maior volume de recursos para os Estados, por meio dois fundos, um deles voltado para o desenvolvimento regional.
O governo federal já enviou sua proposta ao Senado e alguns secretários avaliam que os Estados nunca estiveram tão perto de um acordo para acabar com a guerra fiscal. O assunto, porém, está longe de ser consenso.
Estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste defendem que, em vez de uma alíquota única de 4% ao fim de um período de transição de oito a dez anos, sejam mantidas duas alíquotas diferentes para o ICMS estadual: de 7% e 4%, em lugar das atuais, de 12% e 7%.
Mas as divergências ainda vão bem além disso. O governo federal levantou de novo a discussão do fim da guerra fiscal em meio a medidas para reduzir o custo da produção industrial. Entre os representantes das indústrias, porém, há também quem discorde da premissa de que a guerra fiscal precisa acabar.
É o caso de José Alves Filho, presidente da Adial, entidade que reúne empresas localizadas em Estados que concedem benefícios. Alves Filho, presidente da Refrescos Bandeirantes, engarrafadora da Coca-Cola instalada em Goiás, diz que, com o fim dos incentivos de ICMS, as empresas localizadas fora das regiões Sul e Sudeste perderão competitividade, porque seus produtos ficarão mais caros.
O resultado, diz o empresário, será o fim das empresas e do emprego de milhares de trabalhadores. "Não é preciso mudar o que está dando certo", argumenta. Ele propõe que o governo federal estabeleça regras permitindo que os Estados com menor PIB nominal ofereçam incentivos.
José Ricardo Roriz Coelho, diretor de competitividade da Fiesp, que reúne as indústrias paulistas, defende o fim da guerra fiscal com a redução imediata do ICMS interestadual a 4%. Ele diz que a situação atual causa insegurança jurídica e incentiva a ineficiência. "É preciso virar a página."

Rumo a um acordo EUA-Europa

O Estado de S. Paulo - 27/12/2012


Americanos e europeus podem começar em breve a negociação de um acordo comercial entre os dois mais importantes mercados do mundo. Representantes dos Estados Unidos e da União Européia reuniram-se várias vezes neste ano para discussões preliminares. As trocas de bens e serviços entre os dois parceiros são estimadas em cerca de € 700 bilhões (US$ 927 bilhões) e já são facilitadas por tarifas em geral muito baixas, com média inferior a 2%. Mas há espaço para um aumento considerável do comércio e para a ampliação de investimentos entre as duas maiores potências do Atlântico Norte. Enquanto isso, brasileiros e seus sócios do Mercosul ficam limitados a assistir de longe a mais um capítulo importante da integração econômica internacional.
Preferências comerciais entre Estados Unidos e União Européia tornarão mais difícil o acesso de outros parceiros a esses mercados. Para os muito competitivos, como a China e outros exportadores dinâmicos, o prejuízo poderá ser limitado, mas o custo será provavelmente considerável para os demais. Além disso, alguns países pobres e alguns emergentes já têm acesso facilitado aos mercados europeus e esse benefício será quase certamente mantido.
Nos últimos dez anos a integração avançou em todo o mundo, com dezenas de acordos bilaterais, regionais e interregionais entre países desenvolvidos e em desenvolvimento. O grande objetivo foi geralmente a expansão das oportunidades de comércio e de investimento, sem restrições ideológicas. O Mercosul foi uma exceção, sem pactos comerciais com as economias mais avançadas.
Seus acordos de livre comércio foram celebrados com países da região e com uns poucos parceiros de fora, todos em desenvolvimento. Os entendimentos foram sempre liderados pelos dois maiores países do bloco, Brasil e Argentina, governados há mais de uma década por líderes populistas e com tendências terceiro-mundistas.
A primeira grande façanha desse terceiro-mundismo requentado e intelectualmente subdesenvolvido foi o abandono do projeto de criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). A façanha foi comandada pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Néstor Kirchner. O governo dos Estados Unidos contribuiu, no final da história, para a liquidação do plano, mas a dupla sul-americana já havia feito o suficiente para enterrar a Alca. Outros governos da América do Sul acabaram negociando regras de livre comércio com Washington.
O Brasil, naturalmente, ficou fora das preferências concedidas nesses acordos.
A negociação entre Mercosul e União Européia, iniciada em 1999, permanece emperrada. As discussões foram interrompidas em 2004 e retomadas em 2010, mas sem sucesso, apesar das renovadas declarações de interesse das duas partes. Os negociadores brasileiros e argentinos concentraram a atenção na abertura dos mercados agrícolas europeus, como se pouca ou nenhuma vantagem se pudesse obter para a exportação de bens manufaturados. Ao mesmo tempo, foram sempre muito tímidos na liberalização dos mercados do bloco para produtos industriais.
A tendência protecionista sempre foi mais forte do lado argentino, mas o governo brasileiro sempre cedeu a pressões desse tipo. Indústrias da Turquia e do Norte da África têm acesso facilitado ao mercado da União Européia, mas os negociadores do Mercosul parecem ter desprezado, sempre, detalhes como esses. Comportaram-se? em geral, como se representassem economias exclusivamente agrícolas.
A presidente Dilma Rousseff tem mantido as linhas principais da diplomacia inaugurada por seu antecessor. Além de insistir na orientação terceiro-mundista, mantém a tolerância ao protecionismo argentino, altamente prejudicial à indústria brasileira, e aceita a liderança da presidente Cristina Kirchner na fixação de rumos para o Mercosul. A suspensão do Paraguai e a admissão da Venezuela bolivariana, num evidente golpe contra as regras do bloco, foram novas demonstrações, em 2012, do compromisso do lulismo-kirchnerismo com o atraso. No resto do mundo, governos mais adultos, como os da Europa e dos Estados Unidos, tentam multiplicar as oportunidades comerciais.

Picadinho, de novo

O Estado de S. Paulo - 21/12/2012

Picadinho continua sendo o prato prin­cipal da política econômica. Com pequenas variações na receita e algum acompanhamento a mais, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, apresen­tou mais uma vez esse cardápio, na quarta-feira, ao revelar seus planos para promover o crescimento em 2013 e nos anos seguintes. O gover­no decidiu prorrogar novamente a re­dução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) cobrado sobre veículos, equipamentos da linha branca, móveis e painéis. A partir de abril a desoneração da folha de pagamentos será estendida a mais um setor, o comércio varejista, em troca de um tributo sobre o faturamento. O Reintegra, um crédito de 3% sobre o valor da exportação de manufaturados, também será renovado, em princípio por mais um ano. Novidades em relação ao PIS/Cofins foram pro­metidas, mas é bom esperar para ver os detalhes antes de festejar.
Medidas como essas, acompanha­das de um reforço do velho protecio­nismo, foram apresentadas em 2011 e reeditadas em 2012. Pouco servi­ram para animar a economia. O cres­cimento foi pífio no ano passado e in­significante neste ano. Mas o gover­no, segundo o discurso oficial, prevê resultados muito melhores em 2013. Talvez o ministro da Fazenda e seus companheiros esperem uma espécie de prêmio para a persistência, ou, tal­vez, para a teimosia. A redução dos juros, lembra de vez em quando algu­ma autoridade econômica, também deve produzir resultados com algu­ma defasagem.
Pelo terceiro ano, portanto, o go­verno vai estimular o consumo por meio da redução de impostos, apa­rentemente sem se perguntar por que a indústria tem sido incapaz de responder à demanda dos consumi­dores. O Programa de Sustentação do Investimento (PSI), criado em 2009, também será mais uma vez prorrogado, com subsídios custea­dos pelo Tesouro. Até agora, esse programa beneficiou principalmente algumas grandes empresas, incluída a Petrobrás. Resultado geral: o inves­timento encolheu em 2012.
Se as melhores expectativas do go­verno forem confirmadas, o País vol­tará a investir no próximo ano algo parecido com 20% do Produto Inter­no Bruto (PIB), uma miséria diante das necessidades de longo prazo. Por que esse fiasco? Tem faltado) confiança, admite-se em Brasília, mas nenhuma autoridade ofereceu! uma resposta completa e convincen­te até agora. Se depender de uma au­tocrítica, essa reposta dificilmente surgirá, como parece indicar a repeti­ção das fórmulas fracassadas nos últimos anos.
O governo continua longe de for­mular políticas amplas, articuladas e de longo alcance para aumentar a efi­ciência nacional e permitir um cresci­mento mais firme por vários anos. Mais uma vez a redução do IPI será temporária. Além disso, o corte será menor do que neste ano e a alíquota subirá gradualmente. Quem se dispo­rá a investir com base num incentivo como esse? Também o Reintegra é uma solução muito pobre. Os empre­sários pediram e aplaudiram a reno­vação desse benefício e isso é com­preensível. Mas esse programa é um arremedo de solução - e um arreme­do provisório. Só uma revisão muito mais séria do sistema tributário po­derá livrar os empresários de um pe­so absurdo sobre o investimento e a exportação.
Medidas para produzir efeitos de longo prazo são raríssimas. Reduzir para 4% a alíquota do IGMS aplica­da às operações interestaduais pode­rá dificultar seriamente a guerra fis­cal, mas a proposta do governo é de implementação muito longa. Além disso, governadores ainda defen­dem o "direito" de conceder certos benefícios para atrair investimen­tos. Para conquistar a boa vontade dos governadores, o ministro da Fa­zenda oferece a redução dos juros sobre a dívida refinanciada nos anos 90. A medida pode ser boa. De toda forma, a redução do ICMS cobrado nas transações entre Estados é ape­nas uma parte da reforma necessá­ria. O principal tributo estadual é ho­je um entrave à eficiência, porque encarece de forma desastrosa a pro­dução e aexportação. Do ponto de vista da tributação, o chamado pac­to federativo converteu-se em pacto contra o crescimento. É preciso for­mular muito mais que uma política de picadinho para cuidar de proble­mas.dessa dimensão.

CONVÊNIO ICMS 138, DE 17 DE DEZEMBRO DE 2012


CONVÊNIO ICMS 138, DE 17 DE DEZEMBRO DE 2012, publicado no DOU 20/12/2012, altera o Convênio ICMS 142/11, que concede isenção e suspensão do ICMS nas operações e prestações relacionadas com a Copa das Confederações FIFA 2013 e a Copa do Mundo FIFA 2014, e dá outras providências.

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PORTARIA SECEX Nº 45, DE 17 DE DEZEMBRO DE 2012


PORTARIA SECEX Nº 45, DE 17 DE DEZEMBRO DE 2012, PUBLICADA NO DOU 20/12/2012, altera a Portaria SECEX nº 23, de 2011, e estabelece critérios para alocação de cotas para importação estabelecidas pela Resoluções CAMEX nº 84, 85 e 86 de 30 de novembro de 2012.

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DECRETO Nº 7.870, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2012


Publicado no DOU 20/12/2012, o decreto supracitado altera o Anexo IV ao Decreto nº 6.707, de 23 de dezembro de 2008, para modificar percentuais aplicados sobre o preço de referência de bebidas para efeito de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEP, da COFINS e do IPI no regime especial de tributação de bebidas frias.

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Com benefício, vendas podem crescer até 10% em 2013

Autor(es): Por Cynthia Malta | De São Paulo
Valor Econômico - 20/12/2012


Os fabricantes de fogões, geladeiras e lavadoras de roupa estavam sorridentes ontem no fim do dia, depois de ouvir o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciar a prorrogação de benefícios fiscais que ajudaram as vendas do setor a crescer entre 15% e 20% neste ano.
"O setor está satisfeito", disse ontem à noite Lourival Kiçula, presidente da Eletros, que reúne as empresas de eletrodomésticos. O governo vai manter, até 31 de janeiro de 2013, o IPI zerado para fogões e para tanquinhos (lavadora de roupa semi-automática). As alíquotas mais baixas de IPI até 31 de janeiro vão permitir vendas mais tranquilas por parte do varejo, sem uma eventual correria, se o benefício terminasse neste mês.
Depois disso, a alíquota do fogão sobe gradualmente para 4% a partir de julho. "Ainda é baixa", diz o vice-presidente de relações institucionais e sustentabilidade da Whirlpool, Armando Valle, Para o tanquinho, ele acredita que haja espaço para renegociar com o governo pois o plano é ter uma alíquota de IPI de 2% de fevereiro a junho e a partir de julho, de 10%. "Não faz sentido ter 10% para tanquinho", diz ele.
O executivo faz a comparação com as alíquotas previstas para a lavadora automática, mais cara do que o tanquinho, que deve ficar permanentemente em 10%. Segundo a Eletros, foram vendidos 6,6 milhões de fogões neste ano (aumento de 20% sobre 2011) e 3,5 milhões de tanquinhos (16% mais). Os brasileiros compraram 7,2 milhões de geladeiras neste ano e cerca de 5 milhões de lavadoras de roupa, com aumento de 16% e de 19%, respectivamente.
As vendas da Whirlpool, a maior fabricante de linha branca do país, com as marcas Brastemp e Consul, também crescem entre 15% e 20% neste ano, dependendo do tipo de produto. "As vendas estiveram bem aquecidas ao longo do ano", disse Valle.
Além do IPI menor, o setor de linha branca também entrou no programa de desoneração da folha de pagamento e poderá se beneficiar disso a partir de janeiro de 2013. Isso significa que as empresas podem substituir a contribuição patronal para o Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) de 20% sobre a folha salarial por uma alíquota de 1% sobre o faturamento.
O programa Reintegra, que beneficia empresas exportadoras sob a forma de crédito tributário ou dinheiro vivo, em valor equivalente a até 3% do faturamento, também vai ter impacto positivo nas contas da Whirlpool. Esta é dona da Embraco, que produz compressores de geladeira e exporta 70% da produção.
Perguntado se esse novo pacote de benefícios pode resultar em preços mais baixos para o consumidor, Valle respondeu que o setor enfrenta forte pressão de custos por parte de insumos (cobre, alumínio e aço) e salários mais altos dos empregados.

Governo dá mais dois anos de proteção a brinquedos

O Estado de S. Paulo - 20/12/2012


O governo federal concedeu ontem mais dois anos de prote­ção aos fabricantes de brinque­dos e produtores de pêssego e lácteos. Decisão da Câmara de Comércio Exterior (Camex) publicada no Diário Oficial da União estende até 31 de dezem­bro de 2014 tarifas de importa­ção mais altas, para encarecer os importados e "fortalecer os setores produtivos" nacio­nais, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Ao todo, serão 14 tipos de brin­quedos que continuarão pagan­do 35% de imposto de importa­ção para entrar no País.
A medida tem como alvo prefe­rencial a China, que se especiali­zou em fabricar estes produtos a preços muito abaixo dos pratica­dos no mercado internacional.
Representantes da indústria brasileira chegaram a negociar com os chineses a redução voluntária dos volumes exportados, mas não chegaram a acordo.
Em 2010, o País se uniu a Ar­gentina, Paraguai e Uruguai, seus sócios no bloco Mercosul, para autorizar um aumento da alíquota de importação de 20% para 35%, o valor máximo permi­tido pela Organização Mundial do Comércio (OMC). A prote­ção está em vigor desde então.
Pêssegos. Quem importar pês­sego vai continuar pagando 35% de tarifa de importação, exceto quando o alimento estiver em calda ou conserva, pois a alíquo­ta para essas variedades perma­nece em 55%.
O valor ultrapassa o máximo consolidado com a Organização Mundial do Comércio porque consta da Lista de Exceção da Tarifa Externa Comum (Letec), que prevê tarifas maiores para ca­sos especiais.
A extensão da proteção tarifá­ria visa proteger não. apenas os produtores brasileiros, mas tam­bém os argentinos, que têm tradi­ção no setor.
Lácteos. A Camex também es­tendeu até o fim do governo Dilma Rousseff a tarifa de 28% do imposto de importação de lác­teos, para continuar estimulan­do os fabricantes nacionais.
Até 1995, os derivados de leite pagavam de 14% a 16% para entrar no País, quando a alíquota foi elevada para os níveis atuais. Neste caso, a questão vai além de estímulos à indústria, porque mais de 80% do leite produzido no País vem da agricultura familiar, mais vulnerável a eventuais flutuações de preços.

Papo de roda - Automóveis - Por que é tão caro?

Correio Braziliense - 20/12/2012
Boris Feldman

Comparar preços de automóveis no Brasil com outros países sem considerar custos e carga tributária sempre leva a conclusões disparatadas
Por que é tão caro?

Um dos pratos preferidos da imprensa brasileira é criticar o preço dos nossos automóveis. Que são os mais caros do mundo, que o lucro das fábricas no Brasil é estratosférico, que o carro produzido aqui e exportado para o México custa lá a metade, que o modelo importado dos EUA é tabelado aqui pelo triplo, e outros comparativos do gênero.

Até a revista norte-americana Forbes entrou nessa e ridicularizou o consumidor brasileiro ao descobrir que a mesma Cherokee vendida nos EUA por pouco mais de US$ 20 mil é faturada no Brasil por quase US$ 80 mil. 

É muito fácil acusar as fábricas instaladas no Brasil de gananciosas e atribuir ao lucro exagerado o elevado preço dos modelos nacionais e importados. 

Entretanto, além da rentabilidade na operação, os impostos federais e estaduais ficam com a maior parte do cheque do freguês. E tem também o famoso “Custo Brasil”, que onera significativamente o preço do automóvel. Exemplo? O custo da energia elétrica na Europa é 40% menor que o nosso; no México, é a metade; e na Argentina é 60% menos. Frete de um automóvel? A Renault paga R$ 0,50 por quilômetro para levar um carro da Romênia a Paris (2 mil quilômetros) e o transporte leva 30 dias. No Brasil, o frete custa o dobro (R$ 1) e demora 60 dias.

No caso dos importados, para trazer um automóvel que custa US$ 10 mil na origem, pagam-se quase 150% (US$ 15 mil) de impostos de importação, IPI, ICMS, PIS/Pasep, Cofins e outros. Mais despesas de transporte, portos, seguro, capatazia, transporte terrestre etc... Está explicado por que o carro chega aqui por US$ 30 mil?

Sérgio Habib, um dos mais brilhantes empresários brasileiros do setor, montou recentemente uma curiosa tabela comparando preços de sanduíche Mc Donald’s, calça jeans, televisão e revista no Brasil, EUA, Coreia, Japão e Alemanha. Mesmo com a nossa moeda valorizada (ela já chegou a valer a metade em relação ao dólar) e impostos entre os maiores do mundo, o mesmo Toyota Corolla custa mais que o nosso em alguns desses países.

Resumo da ópera: não é só o automóvel, tudo aqui é mais caro...

Comparar tabelas de preços de automóveis no Brasil com outros países sem considerar custos e carga tributária (como fez a revista Forbes) sempre leva a conclusões disparatadas, pois coloca-se frente a frente um brasileiro (que paga quase 50% de impostos) com um norte-americano (8% de impostos, em média). A comparação de um importado do México (Fusion, por exemplo) com o mesmo modelo na Europa (ele é chamado lá de Mondeo), leva à conclusão de que se paga aqui apenas 20% mais que lá. Se a nossa pesada carga tributária for excluída, ele já seria mais barato no Brasil... noves fora a nossa moeda supervalorizada.

Menos transparência na área fiscal

Autor(es): Ribamar Oliveira
Valor Econômico - 20/12/2012

Na semana passada, o Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu que o governo está obrigado a compensar, por meio do aumento de receita, as desonerações tributárias que vier a fazer. Até agora, a compensação era feita com um alegado "excesso de arrecadação" e com ajustes na programação orçamentária e financeira do ano. O TCU concluiu que o artigo 14 da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) não permite esses dois mecanismos.

Por causa da decisão do TCU, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, pediu, nessa terça-feira, que o Congresso Nacional incluísse na lei orçamentária de 2013 uma estimativa de perda de receita de R$ 9,796 bilhões por causa da redução de alíquotas do PIS/Cofins, que será feita no próximo ano e beneficiará setores a serem definidos. Isso significa que a previsão da arrecadação desses dois tributos em 2013 será reduzida em R$ 9,796 bilhões.
Mantega solicitou também que fosse incluída na lei orçamentária uma perda adicional de receita de R$ 800 milhões da Previdência Social, por conta da ampliação da desoneração da folha de salários. Na proposta orçamentária, enviada pelo governo em agosto, havia apenas uma previsão do impacto da desoneração da folha de salário, no valor de R$ 15,2 bilhões. Com os R$ 800 milhões, esse valor subirá para R$ 16 bilhões, que, somados aos R$ 9,796 bilhões do PIS/Cofins, totaliza uma renúncia de receita de R$ 25,796 bilhões com as desonerações em 2013.
Desonerações tornam mais difícil avaliar receitas
Para compensar essa perda, o governo elevou em R$ 6 bilhões sua estimativa para a receita com dividendos das empresas estatais no próximo ano e em R$ 4,596 bilhões a previsão para a receita de concessões e permissões de serviços públicos. Ou seja, para compensar a perda da arrecadação de três contribuições (PIS, Cofins e contribuição patronal ao INSS), ele aumentou duas receitas não tributárias, que podem ou não ocorrer.
Há várias questões a serem discutidas na compensação da desoneração tributária com o aumento da receita. A primeira delas é saber como foi estimada a renúncia da receita, se foi usado um modelo que considera o efeito positivo da diminuição dos tributos. É de fácil compreensão que muitas vezes uma queda da carga tributária aumenta as vendas do setor beneficiado e, com isso, a arrecadação sobe.
O cálculo da renúncia não é trivial, pois não é possível prever quantos contribuintes dos tributos deixarão o setor beneficiado com a desoneração durante o prazo de vigência da medida e quantos ingressarão. Além disso, o peso dos tributos é suportado mais por uns do que por outros, dentro do mesmo setor.
O nível da arrecadação de cada ano está muito mais relacionado com o ritmo da atividade econômica do que a qualquer outra coisa. Se a economia está desacelerando, nada garante que a receita de um determinado tributo continuará em expansão, mesmo que não ocorra desoneração. Portanto, é necessário, antes de mais nada, saber com qual previsão de crescimento da economia foi feita a projeção da perda com a desoneração.
A previsão de perda de receita com a desoneração é, portanto, difícil ou quase impossível de ser verificada. Ela não é um dado empírico. Em 2012, o governo diz que realizou desonerações tributárias no montante de R$ 43,4 bilhões. Esse dado consta de várias apresentações do ministro da Fazenda, Guido Mantega, a empresários brasileiros e estrangeiros. Não está claro como o governo chegou a esse valor e se elas foram feitas quando o governo trabalhava com uma perspectiva de crescimento da economia de 4,5% neste ano.
De qualquer forma, é difícil acreditar que se as desonerações não tivessem sido feitas, a receita tributária do governo federal neste ano teria sido maior em R$ 43,4 bilhões. A arrecadação de tributos neste ano não foi bem, mas o fraco desempenho está muito mais relacionado com a desaceleração da economia e com a redução da lucratividade das empresas do que com as desonerações feitas pelo governo federal.
O governo estimou que a receita da Previdência Social será de R$ 314 bilhões em 2013, considerando as regras anteriores à desoneração da folha de salários. Se a arrecadação ficar abaixo desse valor, o Tesouro cobrirá a diferença, até o limite de R$ 16 bilhões, pois essa é a estimativa oficial para o custo desta desoneração.
Mas não está claro, por exemplo, o que acontecerá se a receita previdenciária superar os R$ 314 bilhões. Muitos poderão entender que não houve perda de receita com a desoneração da folha. Mas é claro que essa avaliação não considera que o crescimento da arrecadação previdenciária depende de outros fatores, como o aumento da formalização da força de trabalho.
Na verdade, não é possível prever com algum grau de precisão o impacto da troca da contribuição patronal ao INSS pela contribuição sobre o faturamento, com alíquotas de 1% ou 2%, dependendo do setor. Se o crescimento da economia for muito forte, como espera o ministro Guido Mantega, o faturamento das empresas beneficiadas com a desoneração aumentará muito, o que reduzirá a perda da Previdência Social com a mudança.
Existe outra dificuldade nessa discussão. O governo não é obrigado a prever compensação na lei orçamentária para as desonerações dos chamados impostos regulatórios, de acordo com a LRF. Nessa relação estão o Imposto sobre Importação (II), o Imposto sobre Exportação (IE), o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Por isso, políticas como a de redução do IPI para automóveis ou produtos da linha branca não exigem compensação de aumento de receitas. Assim, nem todos os impactos das desonerações são identificáveis no Orçamento.
As desonerações tributárias, com a compensação exigida pelo TCU, tornam ainda menos transparentes as estatísticas das receitas e despesas do Tesouro Nacional e mais difícil de prever a execução orçamentária e financeira do próximo ano.
Ribamar Oliveira é repórter especial em Brasília e escreve às quintas-feiras

Dólar tem maior queda diária desde agosto com medidas do BC

Autor(es): Por José Sergio Osse e José de Castro | De São Paulo
Valor Econômico - 20/12/2012


As medidas do Banco Central e as preocupações com a inflação asseguraram a maior baixa do dólar em mais de quatro meses. Para operadores, o cenário se mostra favorável a novas quedas da moeda americana nos próximos dias.
A baixa de ontem, de 0,91%, foi a mais forte desde 3 de agosto, e levou o dólar a R$ 2,070, menor cotação desde 14 de novembro.
As medidas anunciadas para o câmbio nos últimos dias foram interpretadas pelo mercado como sinal de que governo e BC estão preocupados com o fraco fluxo cambial dos últimos meses. Também indicam receio com a potencial pressão sobre os preços que o dólar mais elevado pode criar num cenário de inflação já elevada e em aceleração.
"O mercado deve tentar testar o novo piso. Ainda mais após essas medidas do BC", disse Reginaldo Siaca, gerente de câmbio da Advanced Corretora. Segundo ele, a moeda pode chegar a R$ 2,05 nos próximos dias, se estabilizando em torno desse patamar. "Mas duvido que a moeda chegue em R$ 2,02. Se chegar nisso, o BC entra", atuando para manter a cotação acima desse nível.
Desde o início do mês, o BC já realizou cinco leilões conjugados de venda e compra de dólares (linhas compromissadas) e dois de swaps cambiais tradicionais (cujo efeito é o de uma venda de dólar futuro). Ontem, após o fechamento, o BC anunciou novo leilão de linha, a ser realizado o hoje antes da abertura do mercado, com oferta de até US$ 2 bilhões, com recompra para março de 2013.
Além dos leilões do BC, o governo alterou prazos para operações de pagamento antecipado de exportações e modificou as regras de cobrança de IOF sobre empréstimos no exterior.
A última medida, que entra em vigor hoje, eleva de US$ 1 bilhão para US$ 3 bilhões o tamanho da posição vendida em dólares isenta de recolhimento de compulsório de 60%. Na prática, a mudança estimula os bancos a tomarem dólares por meio de linhas externas, elevando, em tese, a oferta da moeda americana no Brasil e, por tabela, diminuindo a pressão sobre o real.
As medidas adotadas pelo governo também servem para reduzir o impacto do dólar mais valorizado sobre a inflação.
O avanço de 0,69% do IPCA-15 em dezembro, divulgado ontem, chamou a atenção por mostrar aceleração significativa ante novembro, quando a alta tinha sido de 0,54%. Declaração do ministro da Fazenda, Guido Mantega, confirmando que haverá aumento da gasolina em 2013 evidenciou que a inflação pode ser ainda mais pressionada no início do ano que vem. Para compensar, o BC pode deixar o real se valorizar.
"Essa aceleração [dos preços] é importante para a política cambial, porque limita o espaço para depreciação da moeda brasileira", nota o Itaú Unibanco em relatório sobre o IPCA-15.
O fluxo cambial, detalhado ontem pelo BC, ficou negativo em US$ 4,215 bilhões nas duas primeiras semanas de dezembro. Na semana passada, o saldo negativo foi de US$ 2,864 bilhões.

Governo anuncia R$ 4,5 bi em desonerações

Governo anuncia novas desonerações e prorroga mais uma vez redução do IPI
Autor(es): LU AIKO OTTA
O Estado de S. Paulo - 20/12/2012

Horas depois de a presidente Dilma Rousseff afirmar que a redução dos impostos será uma de suas maiores lutas em 2013, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou novas desonerações, num total de R$ 4,5 bilhões. Na conta está incluída a redução da carga de impostos sobre a folha salarial do setor de varejo. Haverá também descontos no IPI de automóveis, linha branca, móveis e painéis. O governo já pediu ao Congresso que modifique a proposta do Orçamento, aumentando em R$ 10 bilhões a margem para novos benefícios tributários, entre eles redução do PIS/Cofins. O indexador de dívidas com o Tesouro será reduzido. O maior beneficiado será a Prefeitura de São Paulo, com débito que cresce 9% acima da inflação.

Medidas, que somam R$ 4,5 bilhões, foram anunciadas horas depois de Dilma afirmar que em 2013 cortar impostos será prioridade

O governo quer fazer do corte de tributos um de seus motores do crescimento em 2013. Horas depois de a presidente Dilma Rousseff afirmar que a redução dos impostos será uma de suas maiores lutas no ano que vem, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou novas desonerações no total de R$ 4,5 bilhões.

Nessa conta, está a redução da carga de impostos sobre a folha salarial do setor de varejo. Haverá também descontos, menores do que os de 2012, no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de automóveis, linha branca, móveis e painéis. E, segundo o ministro, há novas desonerações a caminho.

O governo já pediu ao Congresso que modifique a proposta do Orçamento para 2013, aumentando em R$ 10 bilhões a margem para novos benefícios tributários. Nesse montante deverá ser acomodado, por exemplo, a redução do PIS/Cofins. O governo espera anunciar ainda este ano a possibilidade de empresas usarem créditos tributários dessas contribuições decorrentes da aquisição de serviços - antiga reivindicação das empresas.
O início do processo de corte do PIS/Cofins deverá ocorrer no dia 27, quando será editada uma medida provisória tratando do tema, da mudança do indexador da dívida dos Estados com o Tesouro e da criação de dois fundos relacionados à reforma do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Mantega anunciou ainda a prorrogação do Reintegra, que dá aos exportadores crédito equivalente a 3% de tudo o que exportaram.
Menos gasto. Mantega ressaltou que as desonerações só são possíveis porque o governo reduziu o gasto com os juros sobre a dívida pública, maior item de despesa. A alta carga tributária, disse ele, é "gêmea" dos juros altos. "São dois malefícios, duas faces da mesma moeda." Com a inclusão do varejo, um grande empregador, o governo renunciará a receitas de R$ 16 bilhões com desoneração de folha salarial. No total, 42 setores foram beneficiados. A ideia é incluir mais segmentos econômicos.
"O varejo deve investir e contratar mais com a medida", disse o presidente do Clube Nacional de Dirigentes Lojistas, Roque Pelizzaro Júnior. Porém, dificilmente o setor repassará o benefício ao consumidor.
No caso dos automóveis, o governo decidiu manter a redução do IPI, mas em nível menor. Os carros de motor 1.0, por exemplo, têm alíquota de 7%, hoje reduzida a zero. A partir de 1.º de janeiro até o fim de março, a alíquota ficará em 2%. De março a junho, será de 3,5%. Depois, em tese, retorna aos 7%. Os demais modelos seguem elevações semelhantes, exceto os caminhões, que tiveram redução definitiva da alíquota a zero. Eles são considerados bens de capital.
A retomada escalonada da alíquota do IPI terá impacto no preço dos carros, admitiu o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Bellini. Ele aproveitou para fazer propaganda. "Compre agora, que é um bom momento." Bellini disse que não há compromisso em relação a empregos.
No caso da linha branca, os fogões, por exemplo, que têm alíquota de 4% e recolhem zero, passarão a pagar 2% em 31 de janeiro. A alíquota fica assim até o fim de junho, quando retorna aos 4%. A exceção são as máquinas de lavar, que pagavam 20% e estão em 10%. A tributação ficará nesse nível, pois o bem não é visto como de luxo e 50% dos lares ainda não têm o eletrodoméstico.
Para o presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), Lourival Kiçula, a prorrogação é positiva. "A sensação que dá é que a redução veio para ficar", disse. / COLABORARAM CÉLIA FROUFE, RENATA VERÍSSIMO E MÁRCIA DE CHIARA

Pacote de estímulos do governo corta R$ 6,8 bi em impostos

Autor(es): Cristiane Bonfanti , Gabriela Valente
O Globo - 20/12/2012


IPI reduzido de carros, linha branca e móveis é prorrogado. Varejo tem desoneração da folha
No apagar das luzes de 2012, o governo anunciou mais um pacote de estímulo à economia. O IPI reduzido para automóveis, linha branca e móveis foi prorrogado, mas terá recomposição gradual até o segundo semestre do ano que vem. Já o benefício para caminhões e máquinas de lavar roupa passa a ser permanente. A equipe econômica desonerou ainda a folha de pagamento de praticamente todo o setor varejista. Somente as medidas anunciadas ontem custarão R$ 6,8 bilhões aos cofres públicos. O governo promete cortar mais impostos em 2013 e chegar a uma desoneração de R$ 40 bilhões, ante cerca de R$ 45 bilhões este ano.
Acompanhado por representantes das montadoras, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou que o governo terá de recompor o IPI de veículos. As alíquotas subirão gradualmente e, em sua maioria, voltarão ao nível do começo deste ano no meio do ano que vem. Para os carros populares de até mil cilindradas, o tributo que está em zero subirá para 2% em janeiro e, em abril, passará para 3,5%. Em julho, chegará ao patamar de 7%. Caminhões seguirão com a alíquota zerada por serem considerados um bem de capital. Originalmente, a taxa era de 5%.
Com as medidas, o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini, previu que o setor crescerá 4% no ano que vem, se a economia avançar nesse ritmo. Essa é a aposta do ministro. Será um pouco menor que o crescimento nas vendas esperado para este ano, de 5%.
- Estou otimista (...) por causa dos juros baixos e do crédito disponível - afirmou, logo após se esquivar de responder se haverá novas demissões na indústria automobilística.
O ministro anunciou ainda a prorrogação do IPI baixo da linha branca. As alíquotas voltarão a subir em fevereiro, com exceção da máquina de lavar roupa, que terá taxa reduzida a 10% permanentemente. O imposto original era de 20%. Fogões e tanquinhos, que estão com alíquota zerada, serão taxados em 2% em fevereiro. Já o tributo de geladeiras passa de 5% para 7,5% e de móveis, de zero para 2,5%.
- Cerca de 50% dos lares não têm máquina de lavar. Antes, era bem de luxo e não é mais.
A equipe econômica incluiu o comércio na desoneração da folha de pagamento. Foi o 42 {+o} setor a receber o benefício. Apenas os supermercados resolveram ficar de fora da mudança. Em vez de pagar contribuição previdenciária de 20% sobre os salários, o segmento recolherá 1% do faturamento. Isso custará R$ 1,9 bilhão por ano. Mantega frisou que o alívio é permanente.
Governo propõe corte gradual do ICMS
O presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletrônicos (Eletros), Lourival Kiçula, comemorou a prorrogação do IPI. Ele disse que o setor vai trabalhar agora para que o imposto seja mantido permanentemente no patamar intermediário que foi anunciado para vigorar de 31 de janeiro até 31 de junho, para tanquinhos, fogões e refrigeradores.
- O imposto vai dar uma subida dentro do aceitável em 31 de janeiro. Mas agora podemos brigar para que fique permanentemente em 2%.
Kiçula disse que as medidas de estímulo foram fundamentais para o setor. A Eletros calcula que a venda de geladeiras em 2012 vai ficar 16% maior que a do ano anterior, com 7,277 milhões.
Outro estímulo ampliado que custará caro é a renovação do programa Reintegra (Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para Empresas Exportadoras), que beneficia exportadores de manufaturados. Cobra alíquota unificada de 3% sobre as vendas ao exterior.
Mantega rebateu o coro de críticas que tem recebido por anunciar aos poucos medidas de estímulo, e por não ter plano maior para fazer a economia voltar a um caminho de crescimento robusto, como ele próprio gosta de dizer. Ele afirmou que possui, sim, uma agenda de longo prazo, mas usa os instrumentos de curto prazo.
- Não tem nenhum detrimento nisso. Cada coisa dessa (medida) tem um custo. Não dá para fazer tudo ao mesmo tempo - desabafouMantega. - Vocês também me cobram a solidez fiscal e eu tenho de entregar.
Outra medida que pode reduzir o peso dos impostos na economia foi anunciada ontem. Mantega disse que entregou ao presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado uma proposta "amadurecida" de reforma do ICMS interestadual. A alíquota deverá ser reduzida gradualmente para 4% até 2025. Hoje, ela vai de 7% a 12%. O governo deve editar na próxima quinta-feira uma medida provisória que mudará o indexador da dívida dos estados com os municípios. Isso deve diminuir em R$ 20 bilhões o gasto desses entes com a União.
- É o presente de Natal dos governadores.
Mais cedo, num café da manhã com jornalistas, Mantega avaliou que 2013 será um ano de retomada do crescimento da economia. A seu ver, a série de medidas anunciada pela equipe econômica nos últimos meses surtirá efeito. Mas ele considerou que a "maior frustração" para este ano foi o investimento. Segundo ele, a queda deve ficar em 2% no fechamento do ano:
- Fizemos o diabo para estimular o investimento. O que estimulamos investimento foi dez vezes mais do que estimulamos o consumo.

Postura do BC surte efeito, e dólar desce para R$ 2,07

do Brasil Econômico
Postura do BC surte efeito, e dólar desce para R$ 2,07
Curva de juros futuros da BM&F Bovespa fechou o dia em alta, por influência do IPCA-15 de dezembro.

A clara intenção do governo de impedir uma valorização excessiva do dólar começa a ser assimilada pelo mercado.

Após a baixa de 0,33% na véspera, depois de uma sequência de três altas, nesta quarta-feira (19/12), a moeda americana fechou ante o real em queda de 0,90%, cotada a R$ 2,070 na venda.

"As medidas do governo levaram a essa valorização do real", diz Reginaldo Siaca, superintendente de câmbio da Advanced Corretora.

Na última medida, anunciada na terça (18/12), decreto publicado pelo Banco Central (BC) elevou de R$ 1 bilhão para R$ 3 bilhões o valor livre de compulsório na posição vendida das instituições financeiras.

Além dos fatores domésticos, o especialista lembra também que o câmbio interno teve a influência de seus pares internacionais, que experimentaram uma rodada de valorização ante o dólar, após a agência de classificação de risco Standard & Poor's melhorar a nota que atribui à Grécia.

O superintendente da Advanced avalia que todas as manobras utilizadas nos últimos dias pela autoridade monetária devem ser suficientes para segurar a cotação da divisa americana dentro de um intervalo de oscilação considerado aceitável.

No entanto, caso uma nova pressão de alta no dólar seja verificada, Siaca nota que o BC dispõe de mais ferramentas para alcançar seu objetivo, como os leilões no mercado à vista.

"O BC ainda tem vários mecanismos para fazer a manutenção do dólar no patamar que ele quer", comenta o especialista.

O teto defendido pela autoridade, que se imaginou que poderia ficar próxima dos R$ 2,12 voltou a ser vista novamente nos R$ 2,10 após as intervenções, diz Siaca.

Juros

A curva de juros futuros da BM&FBovespa encerrou a sessão em alta, em decorrência da aceleração verificada no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15).

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou pela manhã que o IPCA-15 atingiu 0,69% em dezembro, acima da taxa de 0,54% registrada no mês anterior.

Mais negociado, com giro de R$ 22,341 bilhões, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2014 subiu de 7,07% para 7,08%, enquanto o para janeiro de 2015 avançou de 7,66% para 7,69%, com volume de R$ 21,163 bilhões.

Com o resultado de hoje, o Itaú Unibanco elevou sua projeção para o IPCA fechado do mês de dezembro, de 0,68% para 0,70%. Em novembro, foi de 0,60%.

O grupo alimentos, que passou de 1,36% em outubro para 0,79% em novembro, deve voltar a acelerar, e ir para 1,20% no último mês de 2012, com uma contribuição de 0,29 ponto percentual para o IPCA.

Unificação da alíquota do ICMS deve ser concluída em 2025, diz senador

do Agência Brasil 
Mariana Branco
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A unificação da alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS) em 4% para todos os estados brasileiros deve acontecer em 2025, disse hoje (19) o presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, senador Delcídio Amaral (PT-MS). Segundo ele, o governo editará uma medida provisória (MP) na próxima semana detalhando os prazos para convergência das alíquotas interestaduais e alterando o indexador da dívida dos estados que poderão optar entre dois índices - Taxa Selic (a taxa básica de juros) ou Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mais 4% ao ano. A proposta sofreu mudanças desde a última versão apresentada.

O senador deu as declarações no Ministério da Fazenda, após se encontrar com o ministro Guido Mantega. De acordo com ele, o Senado preparará um projeto de resolução sobre a reforma tributária que será discutido em conjunto com a medida provisória. “Essa é a proposta do governo. Ainda será debatida no Congresso, na CAE, e a comissão mista vai apreciar a MP”, destacou o senador, frisando que as unidades da Federação poderão opinar.

De acordo com a proposta do governo federal, os estados que praticam alíquotas de 7% deverão reduzi-las a 4% até 2016. Já os estados que praticam alíquotas de12% terão de reduzi-las a 7% até 2018. Elas permanecerão nesse patamar até 2022 e precisarão atingir 4% em 2025. O prazo final, portanto, será 12 anos.

O governo quer a unificação da alíquota para encerrar a guerra fiscal entre os estados. Guerra fiscal é o nome dado à prática de concessão de incentivos fiscais pelos estados para estimular a economia e o desenvolvimento regional, o que favorece umas e prejudica outras unidades da Federação. Os estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, no entanto, alegam que a alíquota única os prejudicaria por serem menos desenvolvidos do que os do Sul e Sudeste.

Para contemplar essas três regiões, o governo se propõe a criar um Fundo de Desenvolvimento Regional, além de um fundo para compensar os estados que perderão arrecadação do ICMS. Delcídio Amaral disse hoje que o governo ampliará os recursos de compensação de R$ 12 bilhões para R$ 16 bilhões por ano. O pedido do Norte, Nordeste e Centro-Oeste era R$ 20 bilhões anuais. De acordo com o senador, em 20 anos, os gastos com ressarcimento dos estados atingirão R$ 296 bilhões.

Segundo Delcídio Amaral, além da medida provisória, o governo enviará um projeto de lei complementar ao Congresso alterando as regras de votação no Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz). A intenção é que não seja necessária unanimidade para convalidação e anistia dos benefícios fiscais ligados ao ICMS já concedidos pelos estados. Uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) considerou tais incentivos inconstitucionais. A proposta do governo prevê concordância de três quintos dos estados e de um terço por região para aprovação da convalidação e outras matérias no Confaz.

Edição: Carolina Pimentel

Mantega anunciará novas medidas de desoneração ainda hoje

do Agência Brasil 
Daniel Lima e Wellton Máximo
Repórteres da Agência Brasil

Brasília – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciará ainda hoje (19) novas medidas de reduções do imposto. Em café da manhã com jornalistas, ele disse que às 16h30 detalhará as ações, que abrangerão o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), o Programa de Integração Social (PIS), a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e a desoneração da folha de pagamentos para a indústria.

Mantega evitou confirmar se as medidas envolvem a prorrogação do IPI reduzido para automóveis, produtos da linha branca (fogões, geladeiras, máquinas de lavar e tanquinhos) e móveis e painéis. Ele, no entanto, disse que o governo pretende incluir novos setores na desoneração da folha de pagamentos. Nesse modelo, as empresas pagam 1% ou 2% do faturamento à Previdência Social, em vez de contribuírem com 20% da folha de pagamento.

Em relação ao PIS e à Cofins, Mantega adiantou que o governo pretende permitir que as empresas do setor de serviços aproveitem os créditos tributários. Dessa forma, o setor poderá requerer o abatimento do tributo cobrado ao longo da cadeia produtiva e pagar somente sobre o valor adicionado em cada etapa do serviço.

Sobre o ICMS, o ministro informou que pretende detalhar o modelo final da proposta de unificação das alíquotas do ICMS interestadual, que eliminará a guerra fiscal entre os estados. Na semana passada, os governadores do Norte, Nordeste e Centro-Oeste indicaram que concordariam com a unificação da alíquota em 4% em todos os estados, desde que o prazo de transição fosse ampliado de oito para dez anos.

Antes da entrevista, Mantega apresentará a proposta final do governo para a unificação do ICMS interestadual ao presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, senador Delcídio Amaral (PT-MS). Pelo acerto, o Senado editará uma resolução para alterar as alíquotas e o governo mandará uma medida provisória ao Congresso Nacional para mudar o indexador da dívida dos estados e criar os dois fundos que compensarão as perdas de arrecadação do ICMS.

Edição: Davi Oliveira

Postura do BC surte efeito, dólar opera em queda

do Brasil Econômico
Postura do BC surte efeito, dólar opera em queda
Curva de juros opera em alta, após aceleração do IPCA-15.

Após os diversos leilões e intervenções do Banco Central (BC) na busca de segurar o dólar abaixo dos R$ 2,10, o mercado opera na primeira etapa do pregão desta quarta-feira (19/12) em queda, ainda que esteja acompanhando a tendência global que prevalece.

A moeda americana tinha desvalorização de 0,33% ante a brasileira, negociada a R$ 2,082 na venda.
O Dollar Index, índice que mede a variação do dólar contra uma cesta de divisas, cedia 0,40%.

Na véspera, o dólar também encerrou com baixa de 0,33% ante o real, no dia em que decreto publicado pela autoridade monetária elevou de US$ 1 bilhão para R$ 3 bilhões o valor livre de compulsório na posição vendida das instituições financeiras.

No entanto, na abertura do pregão de ontem, a moeda operava estável, e passou a cair durante a tarde, após rumores de que outras medidas ainda poderiam ser anunciadas pelo BC.

"Ficou muito claro esse teto de R$ 2,10. Se não houvesse essas intervenções do BC por conta da sazonalidade do mês de dezembro, a taxa estaria em níveis superiores", afirma Ítalo Abucater, especialista em câmbio da ICap Brasil.

Na virada do mês, diz o especialista, a tendência é que o fluxo de saída inverta o sentido, o dólar passe a um patamar mais desvalorizado.

No entanto, Abucater acredita que, passado esse período de início de ano que é de maior entrada de divisas, não devemos ter em 2013 o mesmo cenário no câmbio que foi observado nos primeiros meses de 2012.
"Vamos ter um ano difícil no decorrer do período. O dólar vai subir, e a taxa vai testar tetos históricos", comenta o especialista da ICap.

Esse ambiente se deve, entre outros fatores, ao ciclo de queda dos juros, que Abucater não descarta que possa ser retomado no próximo ano, além do cenário externo que deve permanecer preocupante.

Juros

No mercado de juros futuros da BM&FBovespa, a curva opera em alta, após a aceleração verificada no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15).

O melhor humor dos investidores refletido na alta dos índices acionários das principais bolsas mundiais também favorece a elevação dos prêmios.

Mais negociado, com giro de R$ 7,385 bilhões, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2015 subia de 7,66% para 7,70%, enquanto o para janeiro de 2014 avançava de 7,07% para 7,08%, com volume de R$ 6,036 bilhões.

Novas regras para concessão de visto de trabalho temporário a estrangeiros começam a vigorar hoje

Vinícius Soares
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Entram em vigor hoje (19) as novas regras para a concessão de visto temporário a estrangeiros que venham trabalhar no Brasil. A resolução foi publicada no Diário Oficial da União nesta quarta-feira pelo Conselho Nacional de Imigração, que estabelece pré-requisitos à autorização.

Para se instalar legalmente no Brasil, os estrangeiros deverão comprovar escolaridade e experiência na área de atuação. Apenas os sul-americanos ficam livres da obrigação, de acordo com as regras. Se quiserem ocupar cargos que não exijam nível superior, os migrantes devem ter escolaridade mínima de nove anos e experiência de dois. Quando a vaga for de nível superior, o candidato precisa ter cumprido um ano de experiência na área depois do fim da graduação.

Cursos de pós-graduação de 360 horas ou de mestrado também podem ser usados para comprovar a experiência. Para profissões artísticas que não requerem formação, o tempo de atuação exigido sobe para três anos.

As empresas deverão justificar por que optaram pela mão de obra estrangeira, e, caso seja pedida a prorrogação do visto ou a permanência definitiva, o conselho levará em conta o quadro de funcionários brasileiros e estrangeiros do empregador na hora da avaliação.

Os dependentes dos migrantes que conseguirem o visto temporário não ganham o mesmo direito a trabalhar no Brasil. Se tiverem esse interesse, terão que obter uma autorização individual.

Edição: Talita Cavalcante

Alíquotas de importação sobre brinquedos, pêssegos e alimentos lácteos são prorrogadas


Mariana Branco
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A Câmara de Comércio Exterior (Camex) prorrogou hoje (18) até 31 de dezembro de 2014 o imposto de importação sobre três categorias de produtos. As alíquotas sobre brinquedos, pêssegos e alimentos lácteos deixariam de valer em 31 de dezembro deste ano. Segundo comunicado divulgado pela Camex, a prorrogação das taxas tem o objetivo de fortalecer a produção doméstica e incentivar a agricultura familiar.

Com a decisão, 14 tipos de brinquedo continuam com imposto de 35% para entrada no país. No caso dos pêssegos, a alíquota segue variando de 35% a 55%. A alíquota de 28% permanece válida para 11 produtos lácteos.

Edição: Fábio Massalli